EXPERIMENTANDO COM
UM RECEPTOR CASEIRO
PARA ONDAS CURTAS .
Amer J. Feres, PY2DJW .
Montar seu próprio receptor caseiro é uma experimentação
muito divertida e além disto aprende-se muito. Diferentemente
de montar um transmissor onde os sinais são grandes e você chega a medir a
eficiência até acendendo uma lâmpada, quando a gente trabalha com receptor os
sinais são minúsculos, na ordem dos microvolts . Isto significa que, para
montar um receptor é exigido muito mais técnica e precisão do que trabalhar com
um transmissor de centenas de watts.
Escolha seus materiais na “sucatinha” e brinque de montar um
receptor de Ondas Curtas. Que tal fazer um receptor que cubra as duas faixas
mais usadas para o AM (nossa modalidade
preferida) sem chave de onda para mudar de faixa. Isto mesmo – uma faixa
contínua de 3.500 kHz até uns 7.500 kHz ? Isto vai lhe proporcionar escuta de
80 e 40 metros e ainda as inúmeras estações de Ondas Curtas de 31 e 49 metros.
O “coração” de um receptor destes é o bloco de sintonia.
Comecemos pelo capacitor variável: eu sugiro usar um desses variáveis de auto
rádios antigos de duas seções com cerca de sete placas móveis em
cada seção e com uma capacitância
de mais ou menos 175 a 180 pF por seção. Mas se você não tiver um desses use um
outro variável que dispuser, adaptando seu valor (se necessário retirando
placas ou colocando capacitores fixos em série com cada uma das seções) e
medindo com um capacímetro.
Outro ítem necessário será um bom sistema de demultiplicação
do “passo” do variável, pois você vai cobrir um espectro muito amplo e a
“marcha lenta” no movimento do variável é necessária para separar bem as
estações. Claro que, se você dispuser de um
sistema de engrenagens ou de um
“vernier” feito industrialmente você é um felizardo. Mas um sistema de “tambor”
grande acionado por “cordinha” comandada por um eixo fino colocado no “knob” de
sintonia resolve bem a situação.
Resolvidas essas duas necessidades vamos às bobinas. São
duas, uma osciladora e outra de antena (não estamos considerando fazer uma
etapa pré amplificadora de RF, pois seria compli-cado para um projeto simples).
Ambas são enroladas em formas de cerca de 20 mm de diâme- tro. Se você não
tiver as formas compre uma seringa de injeção de 20 ml e corte dois pedaços do
corpo da seringa. Além de ser fácil de
trabalhar com este material (cortar, furar, colar) ele é excelente isolante e
não é poroso (evita juntar umidade). A bobina osciladora é feita com 18 espiras unidas de fio esmaltado Nº 22, com um
“tap” na 6ª espira a partir da ligação à massa. A bobina de antena é feita com
24 espiras unidas do mesmo fio (Nº 22) e a 1 mm abaixo deste enrolamento é feito outro enrolamento
com 6 a 8 espiras unidas de fio esmaltado fino (28 ou 30) ou fio “litz”. Este
enrolamento é o que vai “pegar” o sinal da antena. Depois de construídas estas
bobinas será interessante cobrir os enrolamentos com verniz isolante. Se você
não tiver verniz poderá fazer o mesmo com cera derretida.
Estes dados (variável e bobinas) servem tanto para um
circuito transistorizado (qualquer transistor de uso geral funcionará, mas eu
prefiro o 2N3904) ou para um circuito valvulado. Se for montar transistorizado
use um transistor como oscilador Hartley, com o “tap” da bobina osciladora indo
para o emissor do transistor e outro transistor como misturador recebendo o
sinal do oscilador no seu emissor. Se preferir um circuito valvulado use uma
6C4 como osciladora local (pode seu usada uma 6BA6 ligada como tríodo) e uma
6BE6 como mistu- radora.
Saindo da etapa misturadora segue-se a etapa amplificadora
de Frequência Intermediária com bobinas ressonando em 455 kHz. Uma das
dificuldades de se montar o aparelho valvulado são as “canecas” de FI para
válvulas. Já não são fáceis de encontrar. Já o conjunto de bobinas de FI para
transistores poderá ser encontrado em qualquer sucata de rádios
transistorizados.
Monte primeiro o oscilador local e coloque-o para funcionar.
Faça as medidas das frequências: com o variável totalmente fechado deve ler
cerca de 3.900 a 4.000 kHz . Com o variável totalmente aberto deve ler
cerca de 7.900 kHz Isto garante a cobertura da faixa que estamos pretendendo. O
circuito do oscilador local não tem outros capacitores – somente a bobina e a
seção do variável. Já, no circuito de
antena, se você quiser ter possibilidade de um “ajuste fino” para melhorar o
rastreamento numa banda tão ampla você poderá colocar um “trimmer” (3-30 pF) em
paralelo com a seção do variável.
Qualquer circuito de receptor que você tiver, inclusive
circuitos meus já publicados, servirá para sua montagem usando esses dados para
o “bloco de sintonia”.
Se você decidir montar o circuito transistorizado, o Delson
(PY2DME) produziu e poderá disponibilizar uma placa de circuito impresso muito
bonita e didática (prática para montar). É a plaqueta a qual ele deu o nome de
RECEPTOR PARA 40 METROS/PY2DJW. A única adaptação a ser feita é que o oscilador local da plaqueta utiliza um circuito Colpitts e neste bloco de sintonia estamos usando um
circuito oscilador Hartley, mas as furações da plaqueta permitem esta adaptação
facilmente.
Decidi não fazer o dial para o receptorzinho. Fiz uma saída
do emissor do oscilador local através de um capacitor de baixíssimo valor e
leio a frequência num frequencímetro. Como os frequencímetros mais recentes têm
o recurso do “off set” é só regular o “off set” para - 455 kHz e você estará
lendo, com precisão, a frequência que está sendo recebida.